Rádio Renascença
António Cagica Rapaz
A Renascença começara por ser o Enquanto for bom dia, com a Maria Margarida e o Pedro Castelo, e o Despertar às sete e meia, com que o Fernando de Almeida me acordava nos tempos de Mafra.
Um dia, em Novembro de 1971, trouxe de Paris, um disco do Serge Reggiani, Le petit garçon. Enchi-me de coragem, fui à Renascença, durante a emissão, e pedi para falar com a Maria Margarida. Ela veio cá fora, expliquei-lhe, deixei-lhe o disco e eles passaram-no diariamente durante um mês…
A Renascença era também o meu amigo Vítor Marques, dono da boîte “O Forno”, em Sesimbra, e locutor com prestígio.
Era ainda o meu compadre Alves dos Santos que eu começara a ouvir aos 8 anos, sem sonhar que um dia haveríamos de ser amigos e que chegaria a encontrar-me a seu lado, ao microfone.
Por tudo isto, e muito mais, por uma grande paixão que sempre tive pela Rádio, o convite para fazer crónicas na Renascença foi uma felicidade. A aposta era ousada. Eu gravava as crónicas, em casa, três ou quatro de cada vez, e enviava a cassete. Depois, em cada domingo, iam para o ar como se fosse em directo de Paris.
A grande dificuldade (e o aliciante desafio) era arranjar temas que, em duas ou três semanas, não perdessem actualidade, o que é mais complicado do que reagir a um acontecimento. Mas isso funcionou como um estímulo muito forte.
Pegava num disco do Neil Diamond (Jazz Time) e gravava o indicativo. Depois lia o texto e, no final, entrava com a última faixa da música que é arrebatadora. O efeito era muito bom, enchia-me de prazer e de um bocadinho de orgulho.
Das muitas que fiz, uma houve em que me excedi. Tive razão em criticar atitudes e palavras de um treinador (António Medeiros) mas excedi-me nos epítetos com que o bombardeei, no final. Fui demasiado duro, na forma, reconheço-o e penitencio-me.
Comecei em 1981 e durante três anos comentei, opinei e divaguei Mais em jeito do que em força.
Tenho muito orgulho em ter feito parte daquela magnífica equipa composta pelo excelente profissional e homem digno que é Ribeiro Cristóvão, pelo meu grande amigo e mestre Alves dos Santos, sem esquecer o Vítor Sérgio, o Alfredo Farinha, o Cruz dos Santos e o Aurélio Márcio. Ah, e também o Artur Agostinho.
Foi bom, foi bonito, gostei muito…
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